Fernando Farinha
Memórias de Guerra

[24.04.2009 - 08.05.2009]
Galeria Câmara Clara

  • Texto: Fernando Farinha

    Fui para Angola, em 1955, com a minha mãe e meu pai, oficial do Exército destacado, então, para aquela colónia. Em 1961, com 19 anos, o assalto às cadeias de Luanda, desencadeado pelo MPLA, surpreendeu-me de férias naquela capital, após o início de um curso que estava a frequentar na Escola de Regentes Agrícolas de Tchivinguiro. Convidado pelo jornal O Comércio para “ajudar” a redacção durante as férias, esses curtos dias acabariam por se transformar em treze anos de guerra relatados por mim quase diariamente!

    Comecei por ser destacado para o aeroporto onde ouvia os feridos e traumatizados que chegavam evacuados das regiões nevrálgicas do Norte devido à eclosão do terrorismo; porque de terrorismo, no início, se tratava com a grande chacina da UPA de dezenas e dezenas de colonos, mulheres e crianças, negros e brancos surpreendidos nas roças de café na madrugada fatídica de 15 de Março de 1961.

    Para tentar compreender melhor o que estava a acontecer resolvi tentar chegar aos locais dos trágicos acontecimentos. Desloquei-me até ao Caxito, pequena vila fronteira entre a paz e a guerra. Ali estava estacionado o 1.º Esquadrão de Cavalaria “Dragões”, com a missão de proteger a barragem das Mabubas e fazer escoltas a colunas auto de civis que se deslocavam Norte dentro. Os “Dragões” também apoiavam, com os seus carros de combate ETT e Panhard, as tropas de quadrícula, isto é, a tropa posicionada no terreno a dar segurança com os seus patrulhamentos a todos trabalhadores daquele região.

    A minha preocupação primordial era conseguir dar uma visão fotográfica e transmitir por palavras a todos os leitores o comportamento dos soldados em zonas de combate. E, acreditem que vi e ouvi e aprendi muito nesses dias de vida intensa ao lado de homens tão valorosos; e, apesar das dificuldades com a censura e do envio dessas reportagens, conseguia sempre os meus objectivos. Claro que respeitava as normas, como não dar a conhecer os nomes dos soldados e a sua graduação, as localizações, o número de feridos e mortos. Eram as nossas vidas que poderiam ficar em perigo.

    Também fazer chegar ao destino os rolos e os textos requeria muita imaginação! Porque os meios de comunicação não tinham a tecnologia actual: cheguei a enviar rolos a apontamentos presos com fita adesiva nas ligaduras e talas dos feridos evacuados para Luanda.

    Pela minha conduta na assiduidade com que a revista Notícia, órgão de comunicação para onde tinha passado a trabalhar, publicava as reportagens consegui conquistar a simpatia dos militares que me acolhiam com agrado como se fosse mais um elemento da “família” e me davam ainda toda a protecção necessária. Também suscitei a curiosidade e a atenção dos guerrilheiros atentos às minhas reportagens. Prova era as várias mensagens detectadas que pediam o envio da revista Notícia.

    E eu que participei activamente nos treze anos de guerra, que contactei com muitos e muitos combatentes no teatro de operações, fui percebendo da enorme erosão que o tempo causava na mente desses homens. Efectivamente em 1961-1962 sentia-se uma concepção muito forte de unidade e Pátria Única, mas essa forte concepção e unidade foi-se perdendo. Era a erosão de uma guerra longa a deixar marcas e cicatrizes profundas.

Cláudia Ramos e Rui Dias Monteiro
O Sabor da Casca

[8.03.2009 - 10.04.2009]
Galeria Câmara Clara

Carlos Pereira
Dunas

[07.03.2009 - 10.04.2009]
Galeria Câmara Clara

  • LUZES E SOMBRAS...eis, na minha perspectiva, a essência da fotografia.

    Depois vêem as formas e, por fim, as sensações e as emoções.

    Quando iniciei este percurso, que me levou aos estúdios e à procura de novas linhas estéticas dentro do universo da fotografia, paixão antiga de mais de 30 anos, tinha um objectivo principal: explorar o universo da luz e da sombra, e o seu impacto sobre formas e espaços.

    A utilização do nu feminino, como “veículo” preferencial para esta experimentação colocou-se, desde o início, como uma alternativa possível, tendo em conta o enorme potencial do tema, e a complexidade do desafio: fotografar o nu através de uma abordagem não convencional.

    Assim, no contexto deste “processo” o acto fotográfico não se focou no corpo nu; não foi esse o objecto do exercício; pretendi antes, através da utilização do trinómio “luz /sombra/forma” registar a beleza, a elegância e a sensualidade, das formas “dunares” de um corpo de mulher.

Nuno Moura
A way of life

[16.01.2009 - 13.02.2009]
Galeria Câmara Clara

  • Dedicado à família Roy e a todos aqueles que, numa atitude de enorme generosidade, fazem da sua imagem pública património da humanidade. Permitindo-nos deixar às gerações vindouras testemunhos da nossa identidade.