Jaime Rei
Desenho e Pintura

[28.02.1982 - 07.03.1982]
Galeria Nova

  • Em Abril de 1980, quando a Cooperativa de Comunicação e Cultura deu início às suas actividades de divulgação de artes plásticas, afirmou-se, no Catálogo da exposição então realizada—o “1º Salão de Abril”: “Esta exposição é a tentativa para propôr um espaço de discussão e análise em torno da pintura, da comunicação por imagens, e do direito à expressão plástica que assiste a cada um”.

    Hoje, depois de Rogério Ribeiro ter trazido (Novembro de 81) para a nossa cidade um pouco da sua mensagem (“trata-se de procurar conferir ao mundo das formas um carácter ao mesmo tempo poético e operativo”), e de mais de 30 artistas terem, em organizações da Cooperativa, trocado ideias e exposto as suas experiências, é jaime Rei, torreense, jovem de 19 anos, quem arrisca o confronto com o público.

    Público que se vai habituando ao “espaço de discussão” em torno da pintura, à emotividade da comunicação plástica, à análise das suas potencialidades temáticas e ao confronto saudável e enriquecedor entre várias maneiras de dizer o mundo que nos rodeia e que vive em nós.

    Público de Torres Vedras— que espera, a criação urgente de uma Galeria de exposições na sua terra.

Américo Prata, António Trindade, Assunção Venâncio, Aurelindo Ceia, BZO, Fernando Corte-Real, Francisco Ferro, Isabel Bomba, Jaime Rei, José Pedro Sobreiro, Leonel Trindade, Rui Oliveira, Virgilio Bizarro
3º Salão de Abril

[24.04.1982 - 02.05.1982]
Museu Municipal de Torres Vedras

  • Uma experiência comum

    ”Salão de Abril”, “Pintores da Estremadura, Hoje”, designação para dias Exposições (afinal uma e a mesma) separadas apenas no tempo de alguns dias e no espaço de uma geografia física e humana; de Torres Vedras para Évora, simbolizando os laços que unem duas experiências autónomas: a da Cooperativa de Comunicação e Cultura de Torres Vedras e a do Grupo “Rodapé” de Évora. Com o apoio das Câmaras Municipais das duas cidades e agrupando vários artistas de algum modo ligados a Torres Vedras e à Estremadura, esta iniciativa poderá ganhar raízes e justificar o eclodir de outras formas de comunicação entre pessoas, colectividades, autarquias — sem papeis selados nem fórmulas castradoras.

    O que é o acto de pintar?

    Que poderá pedir-se a uma exposição que surge a pretexto da evocação do Dia da Liberdade — do 25 de Abril de 74?

    Que assuma todas as contradições fecundas entre o facto e o desejo, surgidas da maré viva desses dias?

    Que seja, como arte, o reflexo de um poder que então andou entre os gabinetes e as mãos do povo?

    Que transcreva numa estética própria a vivência social diferentes de um país libertado?

    Que assuma os mecanismos da ambiguidade através da evocação de imagens já passadas — já vividas como presente e como tal justificadas?

    Que reduza ao espaço restritivo do campo visual e a uma simbologia fácil, um espaço-tempo impossível, fragmentado. branco de revolta e vermelho luz?…

Helder Batista, Pedro Chorão, João Hogan, Graça Morais, Eduardo Nery, Rui Oliveira, Rogério Ribeiro, Lurdes Robalo, Assunção Venâncio
Exposição Inaugural

Galeria Nova 1982

  • Aquilo que torna fascinante qualquer criação cultural é a experiência do risco: o risco como atitude e o risco como acto, contracenando-se. Porque é a atitude (postural) mental que narra uma transgressão, que concebe e desencadeia o risco — entendido este, como essa possibilidade única de se entrever o impossível; porque é o acto (exercício) de risco, na sua própria instantaneidade, que torna a vida um vértice fulgurante, uma experiência de prazer. Pois não há prazer sem risco. Nem verdadeira cultura sem risco. Nem, mesmo, cultura sem prazer. E se volvido está o tempo da cultura do exercício, como acto mecânico, outro urge desenvolver: o do exercício da cultura, como acto de prazer e prazer comprometido.