Rui Oliveira
Desenho e Pintura

[14.02.1981 - 22.02.1981]
Museu Municipal Torres Vedras

  • A poesia, enquanto linguagem própria, dir-se-ia poder anular ou sobrepor à linguagem pictórica. Mas, antes de mais, a poesia é um acto vital, tanto em Leonardo, no Renascimento, como hoje, na Arte Contemporânea.

    A expressão poética existe na interioridade das coisas pintadas ou desenhadas, na transparência emotiva da representação plástica.

    Fernando Pessoa disse que “o poeta é um fingidor”. Não só o poeta, também o pintor “finge”, porque a representação plástica não tem como finalidade a imitação, antes consiste numa criação que traduz uma realidade interior, pessoal e subjectiva, ainda que represente o real sugerindo-o como espectáculo permanentemente diversificado. A pressuposta ambiguidade do fingimento é a autenticidade da pintura, a sua mensagem visual e estética.

    Não me cabe interpretar os meus próprios trabalhos mas posso propor a sua leitura partindo da poesia. Frequentemente relaciono no mesmo espaço a observação de objectos reais, gestos e algum rigor geométrico.