Kerry Joe Kelly

[10.12.1983 - 23.12.1983]
Galeria Nova

  • Kerry Joe Kelly, não é herói de uma balada irlandesa, mas antes um espírito atraente e jovial cujo trabalho reflecte um misto de curiosidade, imaginação e determinação. Quer em vidro ou em papel e lápis, é um artista sempre em busca que se empenha em estabelecer uma rota para os seus pensamentos e sensações através duma exploração imaginativa e persistente dos materiais que trabalha. As suas descobertas vão desde abstrações sensuais de formas orgânicas e observações surrealistas e eróticas ou até mesmo dissolutas, sobre a sexualidade.

    É óbvio que o “erótico” permanece como um elemento forte e permanente na sua vida, que nunca deixa de atrair nem de prender a sua atenção, mas o trabalho mais recente contém a palette mais colorida e uma abordagem com mais humor.

Pedro Sobreiro
Chafariz

[11.11.1983 - 25.11.1983]
Galeria Nova

  • Esta exposição dará, certamente, lugar a alguma perplexidade senão mesmo a alguma polémica.

    Não se trata de uma simples exposição de pintura, no sentido mais corrente do termo. De certo modo, ela situa-se mesmo “contra a corrente”. Ela é, antes de mais, o ponto de convergência de várias motivações e preocupações pessoais, de carácter íntimo, cultural e cívico.

    Ao apresentar um conjunto de trabalhos em que aborda sempre o mesmo tema - O CHAFARIZ DOS CANOS - pretende falar da sua relação afectiva com a terra onde nasceu; estimular no observador uma capacidade de abertura a diferentes códigos de representação, a diferentes modos de ver; compartilhar, com os outros. a sua obcessão pela pintura e empenho na defesa dos valores culturais desta cidade.

Isabel Bomba, Aurelindo Ceia, Francisco Ferro, Olga Mor, Rui Oliveira, Jaime Rei, Pedro Sobreiro, António Trindade, Assunção Venâncio
4º Salão de Abril

[24.04.1983 - 02.05.1983]
Galeria Nova

  • Texto: Mário Dionísio

    VER: COMPREENDER E AGIR

    “Ver” disse Eluard num dos seus mais claros directos poemas, “é compreender e agir./E ver é ser ou desaparecer.” Assim como o pintor não é um registador mecânico dos aspectos exteriores da natureza, o espectador não é também um verificador mecânico do trabalho do pintor quanto ao cumprimento de um padrão anterior e definitivamente estabelecido. Criar é reinventar, é recomeçar tudo a partir das condições concretas de cada momento, é impor à natureza e a si mesmo uma nova vontade, ou um novo aspecto da vontade, é recusar a morte, é, contra tudo e através de tudo, constantemente afirmar e dignificar o homem. (…)

    (…) Apreciar uma pintura é estabelecer relações de êxito entre os meios materiais de que o pintor dispõe em determinada época e o conteúdo humano, ideológico e sensível, que ele com eles, ainda que de maneira indirecta, sempre exprime.

José Mouga
Pintura

[20.02.1983 - 27.02.1983]
Galeria Nova

  • Texto: Rui Mário Gonçalves

    “A pintura de Mouga, na sua imediatidade visual e voluntária elementaridade, é uma pintura exaltante, ajuda-nos a ser alegres. De muitos modos se poderá falar dela, mas eu penso que sempre com alegria.”

    Observa-se a pintura de José Mouga e não se encontra logo o modo com que devemos falar do que observamos. Cada quadro é uma superfície invasora. Afirma-se na sua bidimensionalidade e simultaneamente parece avançar. As linhas e as manchas exercem o seu fascínio com uma eficácia que aumenta com a elementariadade delas. Uma espécie de falsa ingenuidade dá a volta completa aos seus simulacros. A imediatividade visual é por si mesma completa. (…)

    (…) Digamos então que José Mouga não estabelece fronteiras para a sua linguagem. Confronta as possibilidades de comunicação e da expressão. Procura dispensar o supérfluo. e quanto mais conciso, menos esquemático. Digamos que se aproxima das leis das gestações.