Dalila Gonçalves
Dream Speakers

[28.11.2023 - 31.12.2023]
Centro de Cultura Contemporânea 13

  • Texto de Luísa Santos
    Setembro 2023

    Cabaça (do árabe kara bassasa, significando abóbora lustrosa) ou Porongo (Lagenaria vulgaris) é uma planta trepadeira, da família das Cucurbitáceas, popularmente conhecidas por cabaceiras, foi uma das primeiras plantas cultivadas no mundo, inicialmente em África, no norte e nordeste do Brasil e, durante o período colonial, introduzida e plantada também em quase todo o território de Portugal, do Minho à Madeira, passando por Santarém. Hoje, está espalhada por todos os continentes do planeta. O fruto da cabaça é colhido, retira-se o miolo, lava-se bem e, depois de secar, é usado para vários fins. O seu uso enquanto elemento da vida cotidiana, desde recipiente para água e alimentos a instrumento musical, nos povos Africanos e Brasileiros foi copiado e assimilado pelos povos colonizadores. Em Portugal, muitos artesãos transformam-nas também em objetos decorativos, como cisnes, e utilitários, como candeeiros.

    A cabaça, enquanto objeto do quotidiano, é a protagonista de Dream speakers (2023), de Dalila Gonçalves (1982, Castelo de Paiva). Como é comum na sua prática, identificou o objeto no seu próprio quotidiano e, a partir daí, começou a colecionar cabaças recorrendo a compras online e, essencialmente, à sua rede familiar e de amigos. Nos últimos anos, o som – e os processos de escuta que lhe estão inerentes – tem ganho um papel predominante e foi precisamente esta associação da cabaça a instrumentos musicais que interessou à artista. Nas suas pesquisas sobre os usos e métodos de transformar as cabaças, descobriu instrumentos como o chucalho, o afoxé, o berimbau, o balafon, as cabaças de água, a marimba, entre outros, incluindo vários usados na capoeira.

    Numa fase inicial, a Dalila Gonçalves começou a agrupar as cabaças e a trabalhá-las para assinalar a sua ligação ao som e à música. Num processo de construção de corte, colagem, e pintura, começou a desenhar no espaço: as cabaças, interligadas, ganharam corpo e dominaram o espaço num processo que, visualmente, convida à escuta. Na verdade, convida à atenção ou a uma ação de prestar atenção. Ao contrário de trabalhos anteriores, como a Sinfonia de Vapor (2023) ou as Colunas de Ar (2020-21), a uma primeira leitura, Dream speakers não é um trabalho performativo. O trabalho não é ativado com nenhum tipo de ação, como o som que faz parte e diferencia o dispositivo da Sinfonia de Vapor, e não há uma performance que antecede a instalação, como os performers que tocaram os apitos com formas de animais para depois os colocarem em lugares pré-determinados nas Colunas Ar. Contudo, uma leitura mais atenta, revelará que a instalação convida a uma ação – ou uma performance – por parte dos públicos. Pelo seu aspeto de instrumentos amplificadores, reminiscentes de um mundo onírico entre as vísceras e os sentidos, somos convidados a aproximarmo-nos, numa tentativa de ouvir algum tipo de som. Porém, por mais que nos aproximemos, não ouvimos quaisquer sons.

    Há mais de cem anos, pouco depois do início da Primeira Guerra Mundial, o artista Futurista Luigi Russolo (1885-1947, Itália) propôs a ideia de que os sons urbanos e industriais eram matéria musical. Pela sua intensidade, volume, textura, e forma, o fim da história da música deveria ser anunciado e substituído por uma vigorosa arte do ruído (Toop, 2005). Nos últimos anos, também pautados por conflitos de várias dimensões e impactos globais, entre guerras a uma pandemia global e a inúmeros movimentos sociais, o silêncio e a escuta têm sido explorado pelas suas capacidades de criarem espaços de empatia e convivialidade. Dream speakers, na sua ocupação do espaço e convite à escuta, à fala, a ouvir e a ser ouvido, junta-se à recente, mas crescente, tradição da arte do silêncio. Um silêncio que, na verdade, é composto por um ecossistema de modos de escutar.

  • Dalila Gonçalves
    1982. Castelo de Paiva (Portugal)

    Vive e trabalha no Porto. É licenciada em Artes Plásticas- Pintura (FBAUP 2005) e Mestre em Ensino de Artes Visuais pela FBAUP e FPCEUP (Universidade do Porto 2009). Concluiu, na mesma universidade, o primeiro ano do Doutoramento. Em 2008 foi seleccionada para a II edição do Curso de Fotografia do Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística. Entre 2010 e 2011 trabalhou em Barcelona no atelier do artista plástico Ignasi Aballí como bolseira do programa Inov-art. Foi artista em residência no Programme KulturKontakt, Viena, Austria (2017); na Residência Inclusartiz (Rio de Janeiro 2014); na Residência Pivô-Arte e Pesquisa (São Paulo 2018), Fundación Marso, (México DF 2020), Projecto Fidalga (São Paulo, 2023). Expõe regularmente em instituições e galerias em diferentes países da Europa, da América do Sul e EUA. Países onde está representada em colecções públicas e privadas. Apresentou o seu trabalho na Arco Madrid (soloproject); Zona MACO, México (soloproject); ArcoLisboa; ArteRio e SPArte (soloproject) Brasil; ArtBO, Colômia; ArtLima- Perú; Vienna Artfair, Áustria; Artíssima, Itália; Untitled Miami (USA).

    COLECÇÕES

    [CACE—Colecção de Arte Contemporânea do Estado]\[Friedrich Christian Flick Collection, Berlim (Alemanha)]\[Institución Pilar Citoler (Espanha)]\[Otazu Foundation Collection (Espanha)]\[Frances Reynolds Collection (Brasil)]\[Colección Olor Visual (Espanha)]\[Colección Kells, Santander (Spain)] [Colección Navacerrada (Espanha)]\[Davis Museum at Wellesley College, USA]\[Coleção António Cachola, Museu de Arte Contemporânea de Elvas]\[Câmara Municipal de Lisboa]\[Museu ao Ar Livre (coleção de Arte Pública), Cidade do Porto]\[Josep María Civit Gomis, Barcelona (Espanha)]\[Belle Epoque Centrum (Bélgica)] [Colección Fundación Fundomar. Sevilha (Espanha)] [Museu da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto]\ [Coleção PLMJ]\[Coleção Figueiredo Ribeiro] [Marval Collection (Milan, Berlin)]\[Coleção Instituto IPSAR, Roma (Itália)]\[LxFactory]\[Coleção S&A, Porto]. Coleções particulares Portugal, Espanha, Alemanha, França, Inglaterra, Bélgica, Itália, Brasil, Colômbia, México e EUA.

Temporada out’23 — jul’24
A Cultura No Centro

[28.11.2023]
Centro de Cultura Contemporânea 9
+ Centro de Cultura Contemporânea 13

Hermano Noronha
Pai Mar

[15.09.2023 - 21.10.2023]
Galeria Câmara Escura

  • A ténue linha, oscilante, que separa o meio líquido do meio seco só é compreensível habitando o seu mapa. Só percorrendo essa fronteira se pode experienciar a sua condição orográfica, se pode conceber uma identidade comum.

    O mar é um extenso corpo de água salgada, um oceano que une diferentes culturas e sofre diversos danos. Um espaço transitório que, subordinado à órbita lunar, oscila, comum, por toda a superfície do planeta, envolvendo a terra, as ilhas e os continentes. Do alto não se distinguem os mares dos oceanos, não se distinguem os países, nem se vislumbram as pessoas que os habitam. Também não se distingue a sua profundidade nem o quanto terra adentra. A sua salinidade é um gradiente que se dilui em vida, entre o doce e o salgado, da nascente à foz, riscando várzeas, lagoas e deltas.

    Entre mar e terra existe uma espessura comum. Uma faixa complexa de regressões e transgressões marinhas que modelam as suas margens, criando dunas, ilhas, recifes, baías, estuários, pântanos e falésias. O seu aspeto pode diferir de um outro a poucos quilómetros de distância; mesmo os ecossistemas que se repetem ao longo do litoral — como praias, restingas, lagunas e manguais — podem apresentar diferentes espécies animais, vegetais e culturas humanas.

    Pai mar é esse território indefinido, uma memória coletiva em construção, marcada por signos de identidade e diferença.

    Pai Mar é vida, e como tal, paisagem que vibra. Uma consciência que se vai renovando, com preocupações sobre a gestão dos recursos do mar, mas também com preocupações sobre a persistência da sua memória, das práticas e das tradições que reúne. Há neste território a urgência de proteger e desenvolver, de forma sustentável, perene, uma cultura que dilua dois mundos que, parecendo distantes, no vasto litoral oceânico se fundem. Hermano Noronha, 2023 As fotografias foram feitas em Cabo Verde, São Tomé, Irlanda e Colômbia, no âmbito do projeto EU MSCA-RISE-777998 CONCHA (“The construction of early modern global Cities and oceanic networks in the Atlantic: An approach via Ocean’s Cultural Heritage”).

  • Hermano Noronha é Mestre em Criação Artística Contemporânea, desenvolvendo projetos fotográficos desde 2011. Conta com diversas participações em exposições individuais e coletivas. Coordenou Residências Artísticas e participou como juri no 10o LabJovem, DRC Açores. Foi finalista no International EI Awards 2015 — Encontros da Imagem, participou na Exposição Europeia CreArt 2015 “Me and the City”, com exposições em Pardubice, Linz e Génova e foi o vencedor da Bolsa Estação Imagem 2014.

    Atualmente encontra-se a desenvolver o Projeto Pai Mar, portfólio que obteve uma Menção Honrosa no Urbanautica Institute Awards 2020, foi incluído no Dodho portraits Awards 2023 e foi publicado em livro pela Cahier d’images.

Hugo Feio Machado
Requiem to a dying planet

[30.06.2023 - 31.07.2023]
Galeria Câmara Escura

  • É com apoio da Cooperativa de Comunicação e Cultura que vos apresento “Requiem to a Dying Planet”, um projecto de fotografia documental inédito em Portugal. Este trabalho foi mostrado anteriormente, em Newport-País de Gales, Cardiff-Barry e Londres, em 2009, 2011, 2012, 2013 e 2015. O projecto foi enquadrado inicialmente como um projecto final, de um BA em Documentary Photography, realizado na University of Wales – Newport.

    É um trabalho que explora, através da fotografia, a Agricultura de Subsistência e Sustentabilidade, que começou a ser fotografado em Janeiro de 2009. Sendo a sua concepção e estratégias para fotografar, de Outubro 2008. A ideia inicial que se mantém, é observar as hortas e pessoas que as criam, para entender como se utiliza a morfologia e as técnicas agrícolas para a produção de alimento e o sustento.

    Foi pensado de raiz para ser um livro por cada morfologia, criando assim capítulos autónomos que ao serem juntos criariam “Requiem to a Dying Planet”. Assim, cada local investigado teria a sua identidade mantendo a coerência global e enfatizando a ideia de agricultura de subsistência. Procurei seleccionar as morfologias e as relações com a geografia para cada projecto. Usando a lógica, cultivar com falta de água, em montanhas, na cidade e no frio rigoroso. De forma a criar uma linha condutora que mantivesse uma coerência, mantive o uso da mesma película para todos os projectos, neste caso kodak.

    Nos projectos “Flora’s Song” e “Warm Ground”, fiz uso de duas lentes primárias com a ajuda de tripé e flash, que se mantinha livre da maquina fotográfica de formato 6x7. O processo de produção realizou-se em duas visitas. A primeira de cerca de 20 dias a fotografar e uma segunda viagem para fazer umas fotos que faltavam, o que realizei em cerca de uma semana. No ano seguinte, em Dezembro de 2010, viajei para Trás-os-Montes, onde estive cerca de 10 dias a fotografar. As montanhas e os vales são particulares, e assim surge “Warm ground”.

    Com o “My own plot Project—MOPP”, procurei explorar o espaço urbano como lugar onde há gente que acredita e necessita do potencial para retirar alguma comida. O projecto usou como estratégia, a repetição do enquadramento, com uma periodicidade mensal, para criar uma visão anual e assim sentir as diferenças de cada estação. Ao utilizar a minha própria horta caseira, resolvi procurar outras pessoas que o fizessem em lugares não regulados para o propósito, suas casas. Eu queria ter acesso ao lado privado dos produtores. A cidade devia ter um aspecto visual distinto, mais escuro e com esse parâmetro tirei fotos ao lusco fusco fotográfico. Inventei um efeito fotográfico que me ajudava a falar da relação do espaço criado e das pessoas que o criam. Ao disparar o flash, os sujeitos devem sair de cena, e a imagem deve continuar a ser realizada. A maquina fotográfica de fole, com o formato 4x5 polegadas, que utilizei requer um procedimento específico que é demorado. O enquadramento da moldura para a repetição da imagem na escuridão, requereu paciência e determinação, pois envolvia imenso equipamento extra. O efeito adquire lembranças com o método sandwich e da dupla exposição, mas é executado com um disparo único. Produzi assim uma imagem fantasmagórica, técnica à qual apelidei, Gostly Effect.

    Para finalizar “Requiem to a Dying Planet”, gostaria de continuar a investigação e criar o último capítulo, sobre agricultura de subsistência no frio rigoroso.

  • Hugo Feio Machado. 1977, Lisboa
    Estudou no curso de Artes no Liceu e seguiu para a licenciatura em Arquitectura em 1996. Em 1999 muda- se para o Reino Unido onde residiu, 18 anos que foram de extrema importância na sua formação fotográfica e académica, assim como na sua evolução pessoal.

    No Reino Unido explorou com toda a sua determinação a paixão por fotografia. Foi com os estudos em Documentary Photography que elevou o seu entendimento e pensamento sobre narrativa e imagem, tendo feito uma licenciatura e mestrado nesse tema. As primeiras exposições foram realizadas em País de Gales e Inglaterra, não tendo até a data exposto fora do Reino Unido. Regressa a Portugal em 2017 e muda- se para Torres Vedras, onde reside e trabalha.

Filipe Temtem
(Un)Made Cities — Cidades (Des)Feitas

[30.06.2023 - 31.07.2023]
Galeria Câmara Clara

  • Esta é a 4ª edição do projeto de circulação internacional da obra “(Un)Made Cities by Segregated Transport Infrastructures”, financiado pelo Ministério das Culturas, Artes e Património do Governo Chileno, através do FONDART 2022.

    A exposição exibe um projeto urbano desenvolvido para o setor Costanera, na Ribera Norte da cidade de Concepción (Chile), caracterizado por uma forte segregação socio-espacial, produzida pelo Comboio Ribera Norte– que desde 1873 impede a relação da cidade com o Rio Bio bio – e uma série de rodovias, que acabaram por triplicar esse efeito barreira/fronteira, favorecendo a fragmentação do território e a ocorrência de vários assentamentos informais que se foram expandindo após os terremotos em Chillan e Valdivia, consolidando o que hoje é conhecido como Bairro Aurora do Chile: uma cidade fragmentada, onde o tecido e a vida urbana estiveram e continuam a estar deteriorados e marginalizados por infraestruturas de transporte segregado.

    Com o objetivo de (re)fazer esta cidade, a exposição apresenta uma possibilidade de intervenção urbana que resgata a sua dignidade e sentido de pertença, estruturando as suas necessidades e serviços básicos. Neste caso, através de um edifício-viaduto, com cerca de 1,5 quilómetros, cuja planta modular é estruturada através de uma viga caixão, permitindo a construção de 43 módulos habitados (130 m2 / 10 x 10m) onde se encontram múltiplos serviços e programas. Esta infraestrutura habitada suprime a presença física do comboio ao nível do solo, substituindo-o por uma fachada ativa que participa na (re)configuração morfológica do contexto adjacente. Desta forma, apresenta-se uma visão contemporânea no campo da arquitetura de infraestrutura, um novo protótipo ferroviário que ativa uma espécie de urbanismo tático, onde a ferrovia, além de servir como eixo da mobilidade e transporte publico, funciona como um cluster servidor, portador de bens e serviços para este setor vulnerável da capital penquista: Uma infraestrutura retroativa que permite o investimento simultâneo em arquitetura, infraestrutura e espaço público, maximizando a eficiência económica e social do projeto.

    Para expor esta cidade (re)feita a partir de um novo protótipo ferroviário, o circuito expositivo alude metaforicamente à implantação urbana destas infraestruturas, obrigando o visitante a contornar a via segregada para aceder e observar o "outro lado da cidade” (exposição). Tudo isso através de uma maquete à escala 1:20 do edifício-viaduto que funciona como mesa expositiva, facilitando a observação e discussão sobre o projeto urbano impresso sobre a mesa à escala 1,1000. Desta forma, a viga caixão torna-se um tampo de mesa, enquanto os módulos servidores são concebidos como suportes fixos e os módulos servidos são utilizados como bancos para observar o projeto.

    Esta organização centrífuga, para além de recriar o efeito barreira/fronteira, alude ao modelo em espiral que permitiu chegar a este projeto através de uma investigação-ação realizada por Filipe Temtem, no contexto da Cátedra Elemental UC. Falamos de um ciclo de projeto que começou com o estudo do que é a cidade, segundo a suas lógicas pré-existentes, passando pelo entendimento do que ela será, de acordo com as ambições governamentais propostas pelo Plano de Recuperação Urbana da Ribera Norte, até chegar ao que esta poderia ser através de uma contraproposta apresentada por Filipe Temtem ao governo regional Bio Bio. Nesta senda, os painéis e a maquete impressa sobre a mesa mostram o que é esta cidade, o que será e o que seria sob a ação de infraestruturas de transporte segregado, comparando diferentes soluções para o mesmo problema urbano. Tudo isto com o propósito de questionar o urbanismo contemporâneo que continua a projetar separadamente a arquitetura, o espaço público e as infraestruturas, optando por enterrar estas últimas: Uma alternativa 40% mais cara, que inutiliza o subsolo e os lençóis freáticos, restringindo a experiência de viagem e a contemplação da paisagem urbana.

    Créditos:
    Autor do projeto exposto: Filipe Temtem
    Curador e diretor de conteúdos: Filipe Temtem
    Design de exposição: Filipe Temtem
    Proposta gráfica: Filipe Temtem, Daniel Saenz e Diego Simeone
    Maquete do edifício-viaduto (mesa), escala 1,20: Igor Fracalossi
    Maquete urbana (tampo da mesa), escala 1.1000: Diego Simeone, Carlos Soza e Renata Grob
    Organização: Cátedra Elemental, Pontifícia Universidade Católica do Chile
    Patrocínios: ELEMENTAL S.A. / FADEU, Pontifícia Universidade Católica do Chile / CENAMAD: Centro Nacional de Excelência da Indústria Madeireira / FONDART 2022 (Fundo Nacional para o Desenvolvimento Cultural e das Artes), Ministério da Cultura, Artes e Patrimônio, Governo do Chile / FIOA (Fundo de Internacionalização da Obra Artística), Departamento de Artes e Cultura, Vice-Presidente de Pesquisa, Pontifícia Universidade Católica do Chile

  • Filipe Temtem é arquiteto pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa (2008). Mestrado em Teoria e Prática de Projetos de Arquitetura pela ETSAB, Universidade Politécnica da Catalunha (2012). Doutor em Arquitetura e Estudos Urbanos pela FADEU, Pontifícia Universidade Católica do Chile (2021). Atualmente, é membro da OASRS e co-fundador do atelier FTTA Arquitetura & Design, recentemente destacado com o Prémio Abertis Chile 2021 e o Inclusion Award 2022 na Bienal de Arquitetura de Nova York. É professor na Faculdade de Arquitetura da Pontifícia Universidade Católica do Chile, integra o Laboratório Cidade e Mobilidade UC e a Cátedra Elemental, codirigida pelo Priztker 2016, Alejandro Aravena. Exerceu as funções de diretor de departamento na Cooperativa A Nossa Casa, destacando-se o seu trabalho no atelier PR Arquitectura Global, onde venceu o Concurso Nacional de Arquitetura e Espaço Público da Fundação António Manuel Sardinha (2010). No campo académico, fez parte do International Research Group of Architecture & Society (GIRAS) da ETSA de Barcelona e foi professor visitante da Technische Universität de Berlim. Em 2021 recebeu o Prémio de Excelência Doutoral pela Pontifícia Universidade Católica do Chile, sendo destacado em concursos nacionais e internacionais com os galardões de Melhor Publicação de Relevância Disciplinar DIRIP Chile em 2021, 2017 e 2016, e o prémio Best Paper SIIU XII Lisboa /São Paulo 2020.

João Azevedo
A ilha

[20.05.2023 - 24.06.2023]
Galeria Câmara Escura

  • A ilha á qual este título se refere, é a mesma que Bioy Casares descreve em ‘A Invenção de Morel’, a ilha onde a orientação não advém de sóis ou luas, mas sim de frases ou movimentos. A literatura de Casares e Borges têm vindo a sugestionar a construção que João Azevedo faz a partir das captações e observações do seu quotidiano. Esta exposição apresenta uma interseção de ‘contos’, onde as ideias de documento e ficção se articulam na construção de uma experimentação narrativa.

  • João Azevedo (1990) vive e trabalha no Porto. Artista multidisciplinar, licenciado em Design Industrial (2011) e Mestre em Design de Produto (2014) pela ESAD das Caldas da Rainha. Frequenta o Mestrado em Fotografia da Escola das Artes da Universidade católica no Porto. Apresenta um percurso e uma prática diversa. A prática fotográfica tem origem familiar, e com essa foi estabelecendo diferentes relações.

Alunas em Mestrado de Artes Plásticas da ESAD.CR
Mãos nas mãos, o futuro

[01.04.2023 - 13.05.2023]
Galeria Câmara Escura

  • A ideia para esta exposição nasce em conversa entre a Inês Mourão, o Pedro Zema e eu, foi uma simpática e profícua visita à Coperativa de Comunicação e Cultura de Torres Vedras. Mais tarde junta-se a nós a Raquel Agostinho, responsável pela produção. É muito estimulante trabalhar com jovens alunas e alunos fora do espaço da ESAD.CR, onde sou professora. Livre dos protocolos escolares (entregas de trabalho, notas e afins), abrem-se novas possibilidades na relação com e através do trabalho. A informalidade no trato, o estar - literalmente - fora do espaço da escola, faz com que se partilhem inquietações, dúvidas, frustrações e expectativas, com uma abertura que nem sempre é possível em sala de aula. A Fátima Andrea, a Francisca Neves, a Graziella Bonisolo, a Joana Rita, a Katherine da Costa, a Maria Fradinho, a Maria Matias e a Sofia Cabañas responderam a uma chamada de trabalhos lançada em 2022. Foi uma coincidência e uma surpresa receber portfolios e propostas deste heterogéneo grupo de alunas, 8 mulheres. A leitura de um artigo recentemente publicado por Sónia Bernardo Correia, tornou-me ainda mais consciente do reduzido espaço para as criadoras do sexo feminino, e da necessidade de estudar e citar a obra de artistas mulheres como uma forma, ainda que pueril, de equilíbrio. Nesta exposição seguimos mãos nas mãos, em atenta escuta e aprendizagem, no desejo de um futuro equitativo em oportunidades, mais justo.
    Isabel Baraona

  • — Fátima Andrea @fa.timaandrea @grupius_tattooatelier
    — Francisca Neves @franciscaneves.art
    — Graziella Bonisolo grazibonisolo.myportfolio.com @grazi.bonisolo
    — Joana Rita cargocollective.com/joanarita @_joana_rita_
    — Katherine da Costa @realkatherinedacosta
    — Maria Fradinho @fradinho_artist
    — Maria Matias @mariamatiias
    — Sofia Cabañas @sofiapcabanas

Vasco Torres
Divagações pictóricas

[20.05.2023 - 17.06.2023]
Galeria Câmara Clara

  • A Cooperativa de Comunicação e Cultura recebe, na Galeria Câmara Clara, a obra de Vasco Torres através da exposição “Derivações Pictóricas”.

    A pintar desde 1980, Vasco Torres desenvolveu um extenso corpo de trabalho que mostra a sua sensibilidade e dedicação à expressão artística, que em muito tem proliferado pela consonância com a academia.

    “Derivações Pictóricas” propõe exatamente aquilo a que se intitula, uma exploração contínua de cor, mancha e forma. O artista convida o observador a embarcar numa viagem hipnótica, navegando e orientando-o entre marés altas e torrentes cromáticas que atravessam fronteiras e cruzam lugares de charneira. As manchas garridas marcam o ritmo desta viagem — quer seja pela fusão pictórica ou pelo total contraste e afastamento de matéria — e dominam a superfície do médium, absorvendo toda a área de ação. Através de pinceladas largas e efusivas que se sobrepõem e contrapõem, o artista revela a gestualidade que marca o movimento latente à sua obra. Distingue-se o uso dominante de cores quentes, com especial destaque pelos vermelhos vibrantes e pelos amarelos abertos ancorados por uma base castanha escura quase preta. Estas característica conferem à pintura de Vasco Torres uma sensação de profundidade e complexidade e convidam o obsrvador a explorar as diferentes camadas e texturas que o artista criou.

  • Residente há trinta anos em Torres Vedras, tem acompanhado com interesse as manifestações culturais, especialmente no que respeita à pintura.

    Iniciou a abordagem à pintura na década de oitenta como auto-didata. Tendo começado pela pintura figurativa, interessou-se posteriormente pela pintura abstracta. Neste momento, o seu trabalho caracteriza-se pela abordagem destas duas vertentes da pintura.

    Na Sociedade Nacional de Belas Artes frequentou os cursos de Teoria de Estética e Arte Contemporânea, com o professor David Lopes, o curso de Arte Barroca com a professora Margarida Calado, e o curso de Arte do século XX, com a professora Cristina Azevedo Tavares. Em 1999, teve oportunidade de participar em aulas de pintura com o pintor António Inverno. Em 2003, frequentou o curso de Arte Moderna e Contemporânea, no Centro Cultural de Belém, com a professora Bárbara Coutinho. Em 2004, frequentou o "Curso de Estética- Arte e Metafísica", segundo Schopenhauer e Nietzche, na ARCO em Lisboa, com o professor Nuno Crespo

    Em 2005, frequentou, na Fundação Calouste Gulbenkian, os cursos "O valor da arte", com o professor Eric Amouroux, e "Aspectos e Conceitos Fundamentais da Arte Contemporânea no Mapa da Cultura Actual", com a professora Sandra Vieira Jürgens. Concluiu o curso de Pós—Graduação em História da Arte Contemporânea, na Universidade Católica do Porto, no ano lectivo de 2006/2007. Finalista de mestrado na Arte Contemporânea na mesma universidade no ano lectivo de 2007/2009. Em 2011, na Universidade de Lisboa, Faculdade de Belas Artes frequentou o Curso de Gravação de água forte/água tinta com a professora Joana Latka. Em 2019 foi finalista de mestrado em artes plásticas na ESAD (Instituto Politécnico de Leiria) nas Caldas da Rainha.

Isabel Baraona
Exercício de declinação

[01.04.2023 - 13.05.2023]
Galeria Câmara Clara

  • Exercício de declinação tem como ponto de partida um conjunto de trabalhos feitos sob o signo de Ana Hatherly, para 3 exposições realizadas entre 2020 e 2023, com Mafalda Santos e Susana Gaudêncio. Há, porventura, filiações que se vão adensando aos longo dos anos. Ana Hatherly é uma das artistas que me ensinou a abraçar escrita-imagem ou desenho-escrita despreocupada das tradicionais fronteiras disciplinares e imune às expectativas alheias. Quando mais jovem in-corporar essa liberdade, na sua vocação para a pluralidade de linguagens e meios, não foi imediata. Todavia essa liberdade é-me preciosa por fundar uma ética vida-trabalho. Exercício de declinação compreende um variado conjunto de desenhos feitos a tinta-da-china e um livro de artista.

  • Isabel Baraona lecciona na ESAD.CR desde 2003 no curso de Artes Plásticas. É licenciada em Pintura pela La Cambre (Bélgica) e é Doutorada em Artes Visuais eIntermedia pela Universidade Politécnica de Valência (Espanha). Em 2013, no âmbito de um pós-doutoramento, foi bolseira da Universidade Rennes 2 (França) onde de- senvolveu uma investigação que deu origem ao projecto Tipo.pt, um arquivo online sobre livros de artista e edição de autor em Portugal. Tem participado em diversas exposições individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro. O seu trabalho está representado em colecções nacionais como Fundação EDP, Fundação D. Luís I/C. M. Cascais, MGFR (Fernando Figueiredo Ribeiro), Safira e Luís Serpa, Centro Português de Serigrafia, e em colecções internacionais como Yolande De Bontridder, Galila Barzilaï-Hollander, entre outras.

    Exposições individuais recentes: Procissão, Galeria Diferença (Lisboa, 2022). Oráculos e ladainhas: desenhar e caminhar, Museu Frei Manuel do Cenáculo (Évora, 2022). Desenho: corpo-a-corpo, Lugar do Desenho, Fundação Júlio Resende (Gondomar, 2021). Cartas de amor, Sala de Leitura do Centro de Documentação e Investigação Mestre Rogério Ribeiro, Casa da Cerca (Almada, 2021).

    Exposições colectivas recentes: Entre olhares, Encontros (in)comuns, Programa Centro de Arte Moderna em movimento, Biblioteca de Alcântara (Lisboa, 2023). A escrita da voz, com Mafalda Santos e Susana Gaudêncio, Museu Frei Manuel do Cenáculo (Évora, 2023). Amor Veneris, Musex, Palácio Anjos (Algés, 2022). Os braços abertos formam ângulos rectos, com Mafalda Santos e Susana Gaudêncio, Galeria Trem (Faro, 2022). Livros de Artista de Artistas Mulheres, Coleção da Biblioteca de Arte, Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 2021). Entre: a quatro mãos e uma conversa, com Catarina Domingues e Mónica Garcia, Capela do Centro Cultural de Cascais, Fundação D. Luís I (Cascais, 2021). Olhar Voltar A Olhar, Isabel Baraona e Pedro Nora, Ciclo expositivo de ilustração, Centro para os assuntos da Artes e Arquitectura (Guimarães, 2021).

    Residência artística em 2022: Julho e Agosto—Aviário Studio, Chão da Serra, Ferreira do Zêzere, realização de um livro de artista intitulado Caderno.

Beatriz Neves Fernandes
Conceal/Convey—Select! Select! Select!

[14.01.2023 - 18.02.2023]
Galeria Câmara Escura

  • O foco da exposição incide não particularmente nos próprios recipientes metálicos e no seu conteúdo mas, também, nos reflexos desfocados das figuras que estão perante eles. As propriedades formais dos cofres de metal permitem pinturas que evocam questões sobre a intenção da figura refletida - se seria ocultar ou revelar algo - uma série de pinturas que exalta o paradoxo de representar uma imagem do que não pode ser visto e a possibilidade de utilizar a observação e reflexo para formular teorias do que não é observável.

    “Am I cat
    Am I what

    I have no idea

    Most is heavy on me
    Most is light

    I follow the waves

    I find dark boxes I don’t know
    I find dark wholes I climb out of

    Either free
    Either not at all”

    Rita Oliveira

    As obras remetem para uma relutância na libertação do vício da incerteza — a fantasia patente no que é imensurável e consequentemente ambíguo ou intangível, reinos de possibilidades infinitas — e na consequente entrada no domínio terreno do material, que requer um processo de individuação, criando uma ponte permanente entre o não-ser e uma identidade definida. É sugerido o confronto com a responsabilidade que advém da concretização de uma escolha e medição — medição enquanto ato de observação de uma hipótese em detrimento de outra — descrita por Hegel como "um conflito entre diferentes modos e tipos de compreensão em que uma determinada forma está relacionada com as muitas formas que assumiu: a evolução necessária do que pode ser conhecido, mas também a sua realização infinita”. Os dois termos-chave são ‘posicionar’ e ‘pressupor’, onde o primeiro se refere ao imediatismo da existência material e o último ao seu contexto universal/ essencial, refletindo sobre a forma como a matéria/objetos adquirem significado através de determinado contexto e como isso molda noções de universalidade social.

    Instiga a compreensão da realidade a partir de uma perspectiva de terceira pessoa, não como seres humanos ou animais, mas como objetos disponíveis universalmente enquanto símbolo ou sujeito, dispostos a serem estudados e especulados. Sugere também, inevitavelmente, uma atenção na relação entre o indivíduo e o mundo material, representado não apenas por objetos físicos como dinheiro, ouro, talismãs ou tesouros, mas também por valores abstratos como cultura, posse, estrutura, etc. O confronto com limites, barreiras e múltiplas aspirações.

  • Vive e trabalha em Lisboa. Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, participa em exposições coletivas desde 2016. Destacam-se as exposições na Casa das Histórias (2016 e 2017), através do Concurso Paula Rego, no qual recebe uma Menção Honrosa em 2017. Em 2021 foi bolseira selecionada no âmbito do programa Residências Artísticas: a água como fonte de comunidade promovido e organizado pela RAMA – Residências Artísticas de Maceira e Alfeiria, com o apoio da Câmara Municipal de Torres Vedras, participando posteriormente, em 2022, na exposição coletiva Uma certa prática da atenção na Galeria Municipal de Torres Vedras.

    Exposições Coletivas: Uma certa prática da atenção, Galeria Municipal de Torres Vedras (Torres Vedras, 2022); Trabalho de campo: das possibilidades do que é visível, RAMA Studios, Maceira (Torres Vedras, 2021); Concurso Paula Rego, Casa das Histórias (Cascais, 2017); Mertolarte, Casa das Artes Mário Elias (Mértola, 2017); Concurso Paula Rego, Casa das Histórias (Cascais, 2016).

Temporada jan’23 — set’23
Multiverso — Um Regresso ao Futuro

[14.01.2023]
Galeria Câmara Clara + Galeria Câmara Escura

  • Multiverso—Um regresso ao futuro
    Não existe uma realidade definitiva, nem uma ficção absoluta.

    A ficção permite-nos construir cenários inexplorados, ou por explorar convenientemente, oferecendo-nos a possibilidade de tomarmos consciência ou de nos tornarmos sensíveis a um determinado problema. Não se utiliza acidentalmente a ficção; usa-se a ficção de forma premeditada. “Multiverso - Um regresso ao futuro” propõe a construção de ficções e, como consequência, equacionará os limites das artes visuais enquanto prática e a sua utilidade transformadora. Na sua génese técnica e formal, o projecto apresentado determinar-se-á na apresentação pública de exposições de um grupo heterogéneo de artistas convidados. O maior contributo destas exposições provirá da tensão—aquela que decorre da amplificação das possibilidades de articulação da ficção com as artes visuais quando estas reconhecem as tradições consolidadas da literatura e do cinema (identificando os seus mecanismos, adaptando as suas práticas, interpretando os seus resultados), e que encoraja a colisão destes universos criativos.

    No “Multiverso - Um regresso ao futuro” somos convidados a viajar activa e simultaneamente entre o passado, o presente e o futuro. A hipótese que é lançada no subtítulo do projecto—Não existe uma realidade definitiva, nem uma ficção absoluta—de repensar criticamente o passado e construir cenários especulativos que antecipam o futuro, torna-se o elemento chave para a apreensão dos ideias que orbitam o multiverso que a Cooperativa almeja criar, desbravar e ramificar com o este programa de exposições. Com o passado, a valorização da carga simbólica, do legado material e da representação iconográfica de diferentes culturas através da revisitação dos seus contornos; No presente, o olhar crítico sobre a frágil efemeridade dos acontecimentos do nosso século e o impacto que estes têm no nosso planeta; Para o futuro, a aproximação colectiva de uma narrativa artística que demonstra a natureza transformativa da arte, isto é, a arte representa, através do seu poder crítico, um ‘acordar de consciências’ (Herbert Marcuse, 1977) por apontar as verdades do mundo e descodificar a realidade.

    Para a execução do programa, a Cooperativa faz uso da adaptação—prática recorrente em cinema e teatro que corresponde à utilização de obras literárias para a construção de guiões e dramaturgias. “Multiverso—Um regresso ao futuro” propõe aplicar esta tradição e prática criativa ao universo da programação cultural. Construir-se-ão ficções, isto é, universos paralelos—apresentações públicas sobre a forma de exposição. Planeam-se 11 exposições protagonizadas por X artistas, que na sua prática artística respondem aos meandros da ficção que é proposta no Multiverso da Cooperativa: um acto de revisão e interpretação, adição, expansão, derivação e ou comentário. Para a concertação do painel de artistas convidados e respectivas obras, a direcção artística da Cooperativa serviu-se das seguintes temáticas: Filmografia—Ficção Científica (período entre 1900-1990), Ficção com Assinatura de Autor (período entre 1950-2022); Literatura—Factos/Ficção (Bruce Sterling), Cinema/Arte; Design—Design Fiction (coletivo Metahaven), Design e Sustentabilidade (Tony Fry). No seguimento destes pressupostos, projecta-se apresentar X exposições de artes plásticas, X exposições de fotografia e X exposições de design de produto.

    Este programa será desenvolvido nos vários espaços que constituem o património da Cooperativa, a Galeria da Câmara Clara, no edifício sede e a Galeria da Câmara Escura no edifício homónimo. O objectivo é tirar maior proveito das diversas potencialidades de cada edifício, adequando cada um à especificidade do programa que se apresenta, bem como dos públicos que irá mediar e envolver.

    O progresso e a transformação social exigem um espaço para o pensamento e para a acção que resistem ao ‘status quo’ possível. Com a apresentação destes universos paralelos, o que é sugerido no programa da Cooperativa não é uma fuga da realidade social e/ou a separação entre cultura e sociedade. Pelo contrário, a esta ficção serve de alimento e crítica a realidade que nos assola. Neste sentido, o ideais produzidos pelas artes devem actuar no seio da sociedade como ideias transformadoras. Partindo do pressuposto que as artes visuais, assim como outras linguagens criativas, sofreram mudanças profundas, da mesma forma o contexto histórico e o próprio sistema das artes em que elas estão inseridas também se transforma.