Sebastião Rodrigues, José Brandão, Aurelindo Ceia
Cartazes

[11.1985]
Galeria Nova

  • Entre estas criações da idade tecnológica devemos em primeiro lugar voltar a nossa atenção para alguns domínios importantes: o do desenho industrial, da gráfica, da fotografia e, naturalmente, do cinema e das artes visuais que utilizam novos materiais e mecanismos derivados da industrialização. Pelo que diz respeito à chamada “arte gráfica” e que compreende todos os sectores que vão do cartaz publicitário, do lettering, aos desdobráveis, à paginação de livros, jornais, etc., numa palavra, aqueles produtos visuais executados quer manualmente quer fotograficamente, mas sempre com vista a uma produção gráfica—tipográfica, litográfica, serigráfica—em muito vasta escala, de maneira a poder ser difundida à medida do jornal ou do manifesto; e é preciso antes de mais nada insistir sobre a importância—positiva e negativa—que teve a publicidade para toda a estrutura económico-social dos nossos dias.

    (…) Uma última característica, enfim, é constituida pela possibilidade de reprodutibilidade em série de imagens, tornada possível pelo advento dos meios mecânicos de reprodução. No caso da fotografia e do cartaz a sua infinita reiteribilidade deu sério golpe no conceito de “unicidade” da obra, que dominara os séculos passados.

    Esta unicidade do elemento artístico é apenas parcialmente prejudicada, porque o que conta é sempre a ideia que levou à realização da obra.

    Gillo Dorfles(*)

    (*) Crítico de arte nascido em Trieste, em 1910, é desde 1956, professor de Estética na Universidade de Milão. O presente texto, escrito em 1967, é retirado da obra “Oscilações do Gosto”, editada em Portugal por Livros Horizonte em 1974.

Alberto Pache
Olho-me e Comovo-me

[02.05.1985 - 12.05.1985]
Galeria Nova

  • Se aquilo que poderá constituir um elo de ligação entre estas diferentes “escritas” é, em última análise, a modernidade, já nos trabalhos de Alberto Pache somos confrontados com uma maneira de dizer que remete para outras atitudes e outras relações entre a ideia e a imagem. Salvador Dali é, explicitamente, um dos pontos de referência deste jovem pintor. Autodidacta e oriundo de outras áreas que não as artes, Alberto Pache começou há muito tempo a produzir quantidades enormes de trabalho, quase como que numa luta com o tempo, materializando em imagens de conteúdo psicanalítico necessidades urgentes de comunicação.

    No suporte técnico matizam-se ainda algumas hesitações, perante a premência do dizer. Todos os trabalhos de Pache têm uma história dentro. A verbalização dessas vivências é, quase, outro trabalho. A sua sinceridade por vezes tocante é qualidade nem sempre presente em outtros jovens pintores. De resto, julgamos que o trabalho do artista enquanto professor terá nisto uma grande influência.