O LAGAR nasceu no dia 21 de Julho no edifício vinícola singular da cidade de Torres Vedras, o Instituto da Vinha e do Vinho.
O evento contou com a presença do Presidente da Câmara de Torres Vedras, Carlos Bernardes, o Presidente da Câmara Municipal de Alenquer, Pedro Folgado e o curador do LAGAR, o artista convidado Vasco Barata.
Foram lançadas as três actividades que integram o LAGAR, com destaque ao programa que abre três residências artísticas: o DESENGACE - Concurso de Fotografia.
Vasco Barata revelou a importância do LAGAR, como um contributo para a valorização cultural dos concelho de Torres Vedras e Alenquer. O curador convidado salientou ainda que os objectivos do DESENGACE não se prendem com o registo fotográfico de paisagem, mas que têm como ambição trazer novas visões sobre estes territórios, gerando novos discursos e tendências na fotografia contemporânea.
As outras duas actividades que fazem parte do LAGAR estiveram também em realce: o PISAR - Maratonas Fotográficas - actividade que integra um programa com três rotas nestes dois concelhos -, e o COLHEITAS - Instantâneos Fotográficos - um programa que estará a decorrer no Instagram até 22 de Dezembro, onde serão publicadas semanalmente fotos com o #lagar2018.
A grande mostra final dos projetos será realizada numa exposição colectiva a decorrer em Torres Vedras e Alenquer, durante os meses de Novembro e Dezembro.
Vasco Barata — Curador
Vasco Barata, artista e curador do DESENGACE – Concurso de Fotografia, em entrevista ao LAGAR revela a sua visão acerca das residências artísticas e dos modos de como estas poderão ser um contributo para a valorização cultural dos concelhos de Torres Vedras e Alenquer.
Para o artista, o desafio está em encontrar um olhar novo e pessoal, numa linguagem contemporânea, valorizando assim o património local que está em constante evolução.
L : O LAGAR está a abrir três residências artísticas na área da fotografia contemporânea, com o DESENGACE – Concurso de Fotografia. Qual a sua visão, como curador deste projecto para as residências artísticas?
V: O projecto LAGAR, nas suas várias iniciativas relacionadas com a fotografia, tem uma abrangência bastante grande, desde o instantâneo com o telemóvel à campanha fotográfica, em registo “maratona”. Estas são iniciativas que, de alguma forma, se aproximam do “documental” e se fazem no “presente”.
O que procuramos no DESENGACE são visões pessoais, de artistas ”fora do tempo” em que a ligação à fotografia se faça num campo alargado, em suma, aquilo que se convencionou chamar “lens based work”, ou seja, tudo o que uma objectiva pode mediar.
L : Como júri do DESENGACE o que procura nas candidaturas dos artistas?
V: Uma visão pessoal. Um olhar original sobre conteúdos com os quais achamos já estar familiarizados.
L : Na conferência de imprensa referiu que “não se procura o registo documental de paisagem, mas visões contemporâneas sobre estes dois concelhos”. De que modo pode a fotografia reinterpretar estes territórios em descoberta?
V: Esta iniciativa tem o mérito de “arriscar” o desafio a artistas de fora. Alguns dos seleccionados, espero, nunca se lembrariam deste contexto para produzir obra. Isto traduzir-se-á num olhar novo, quer para quem conhece o contexto local quer para todos os outros.
Esse olhar particular irá contribuir para a diversidade de interpretações, irá utilizar a linguagem altamente codificada da arte contemporânea e assim, esperamos, contribuir para o enriquecimento de um património em constante evolução. Alguém disse que o mediterrâneo, enquanto região cultural acaba onde estiver plantada a última oliveira. Se tivermos uma lógica semelhante em relação à vinha, ficamos com uma ideia mais profunda do que se pretende tratar.
L : Na sua exposição em Ponta Delgada, na galeria Fonseca Macedo, com o título Spooky Action at a Distance referiu que queria trabalhar a ideia de “acreditarmos que há um espaço da natureza pura e idílica”.
Partindo deste ponto de partida como conseguiu captar a essência da paisagem sem que fosse um registo documental?
V: Essa ideia de natureza como espaço idílico, neutro e puro é uma construção cultural, que vai tendo mais ou menos relevância ao longo dos tempos. De Thoreau a Nietzsche, do Éden a Arcádia...hoje, como ontem, é uma ideia com ressonâncias políticas, precisamente pela falta de espaço disponível não privatizado. Neste contexto a “imagem” da paisagem foi tratada a partir de desenhos, pouco precisos nos seus contornos, que nomeavam a natureza através de referências orgânicas, e de imagens fotográficas que negavam ou dialogam com esses desenhos, indiciando que essa poderosa ideia de um local de liberdade serve justamente de lembrança para que esse espaço tenha que ser negociado, ou conquistado na “polis”.
L : Quais são os principais desafios que considera que os artistas terão ao percorrer estes dois concelhos?
V: Não perder a especificidade local ao mesmo tempo que a trabalham num contexto mais alargado, como já referi no exemplo da oliveira e do mediterrâneo.
Pão, azeite, vinho...ressonâncias mais vastas se as soubermos pensar num contexto cultural mais complexo.
L : Como artista integrou as Bienais Internacionais de Jovens Criadores (1999, 2000 e 2001), a Jeune Création Européenne 2007 – 2009: New Talents in the European Art Scene (2007 – 2009) e o Prémio EDP Novos Artistas 2011.
De que modo pode ser o DESENGACE uma oportunidade para artistas emergentes?
V: Neste momento, e apesar do optimismo económico reinante, para os agentes culturais (em particular para os artistas visuais) as condições de trabalho são menos que escassas. Como disse na apresentação, e foi uma das razões que me fez aceitar o convite, alojamento, transportes, produção, catálogo e exposição garantidas são uma boa base de trabalho para jovens artistas.
Associar a isso uma boa base de divulgação, e o acompanhamento institucional conferido pela inclusão do projecto na “Cidade Europeia do Vinho 2018” é, parece-me, também um factor acrescido de valorização.
L : Uma das grandes forças das suas exposições é a relação que cada uma delas tem com o espaço onde está a expor. O trabalho de curadoria que desenvolve em cada exposição torna-a única pelo forte diálogo que tem com o espaço expositivo.
Para além de júri do DESENGACE é também curador das exposições. Quais as visões que pretende trazer para aquilo que será a apresentação final dos artistas?
V: Gostaria de clarificar aqui, eu não sou curador de exposições, gosto de pensar as minhas exposições com um olhar que me permite colocar-me, de certa forma, fora do meu próprio trabalho. É um pouco isso que irei fazer aqui. Pretendo acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos com o objectivo de potenciar cada um deles. Isso implica procurar o melhor espaço para cada obra, sendo que existem, à partida, locais com um enorme potencial.
L : O que considera que projectos como o LAGAR podem trazer aos territórios de Torres Vedras e Alenquer?
V: Novas formas de pensar e valorizar o património cultural. A criação de diversidade cultural. Pensar o presente para ajudar a preparar o futuro.
Biografia Vasco Barata
Licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, com estudos paralelos em Fotografia e pós-graduado em Desenho, pela mesma Faculdade. Frequentou em 2006 o Curso de Artes Visuais do Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística (Fundação Calouste Gulbenkian/ Ar.Co). Frequenta actualmente o Doutoramento em Arte Contemporânea no Colégio das Artes – Universidade de Coimbra.
Desde finais dos anos 90, Vasco Barata tem vindo a apresentar o seu trabalho sob diversas formas, alternando sobretudo entre uma investigação aturada no domínio da construção e percepção da imagem (através do recurso à prática da fotografia e do vídeo) e uma tentativa de compreensão dos mecanismos da expressão aliados à prática diária do desenho. Articula, nas suas obras, um interesse particular pelo cinema e pelas estratégias cinematográficas, pelos códigos da linguagem e por um vasto leque de referentes da cultura popular.
Está representado em diversas colecções particulares, em Portugal e no estrangeiro. Vive e trabalha em Lisboa.
Júri
O grupo de jurados é constituído por Vasco Barata (Presidente Júri), Tiago Pombal (Cooperativa de Comunicação e Cultura), Catarina Sobreiro (CM Torres Vedras) e Frederico Ferreira (CM Alenquer).
A selecção dos participantes é realizada através de um processo de reuniões em Torres Vedras onde são avaliados os perfis e apresentações dos respectivos concorrentes. Essa mesma avaliação consiste num conjunto de critérios que avaliam os diversos campos de interesse, experiência e enquadramento de cada concorrente.
Estes critérios têm como base o percurso profissional dos participantes (aquisição de conhecimentos escolares, exposições e participação em outros actos culturais), os portfólios dos participantes (onde é avaliado a selecção de imagens enviadas pelos participantes do seu portfólio profissional) e relevância destes para o LAGAR (aqui será tido em conta o interesse no projecto deixado na descrição por cada participante e no modo de abordagem que estes pretendem para o LAGAR.) É tido em conta também o modo de como em conjunto (portfólio e percurso profissional) são de interesse para a participação nos projectos.
A avaliação de cada júri não é vinculativa pelo que cabe ao Presidente do Júri, o artista convidado Vasco Barata, a deliberação final dos participantes selecionados.
Para o DESENGACE serão selecionados três artistas para integrarem as residências artísticas, e para o PISAR, cinquenta participantes para as maratonas fotográficas.
Colher um momento, afinar o olhar...
O COLHEITAS – Instantâneos Fotográficos, é um concurso no Instagram que irá selecionar as fotografias que melhor representem a identidade dos concelhos de Torres Vedras e Alenquer. Semanalmente será publicada uma fotografia na página de Instagram oficial do LAGAR. O resultado final será uma colheita de imagens que culminará numa mostra da heterogeneidade cultural destes dois concelhos, à vista de todos.
A selecção é feita com base em fotos que captem um instante (não encenadas), que apresentem criatividade, simplicidade na demonstração dos valores da identidade destes dois concelhos, e uma componente estética própria e indissociável.
Para participar basta colocar o #lagar2018 na foto publicada no Instagram, sendo que o perfil do utilizador tem que ser público.
Pisar a terra, pisar a uva...
O PISAR – Maratonas Fotográficas, é um programa que tem como objectivo a divulgação e mostra do território Torreense e Alenquerense, que integra três rotas, lugares e identidades, que marcam estes concelhos, fixando-os no tempo através do registo fotográfico. Os participantes são livres de escolher o meio e técnica para o seu registo fotográfico (do telemóvel, à fotografia analógica e digital), sendo que a maior heterogeneidade de técnicas é vista como uma mais valia para o projecto e para os processos de candidatura. Serão selecionados 50 participantes que tenham interesse pela fotografia, nacionais ou internacionais num programa com três rotas distintas (15 setembro, 6 outubro e 20 outubro 2018).
A todos os que quiserem participar na próxima maratona fotográfica (20 de Outubro), basta enviarem um email de confirmação para lagar.ccctv@gmail.com até dia 18 de Outubro.
As maratonas fotográficas culminarão na criação de uma exposição colectiva a apresentar em Torres Vedras e Alenquer.
Júri
Inês Mourão - Presidente de Júri
Tiago Pombal - Representante Cooperativa de Comunicação e Cultura
Catarina Sobreiro - Representante Câmara Municipal de Torres Vedras
Frederico Ferreira / Representante Câmara Municipal de Alenquer
Calendário
Rotas:
15 Setembro 2018 | Rota 1 Concelho de Torres Vedras
6 Outubro 2018 | Rota 2 Concelhos de Torres Vedras e Alenquer
20 Outubro 2018 | Rota 3 Concelho de Alenquer
Exposições:
23 Novembro 2018 | Inauguração da exposição LAGAR em Torres Vedras
18 Janeiro 2019 | Inauguração da exposição LAGAR em Alenquer
O que é bom, fica...
O DESENGACE – Concurso de Fotografia é um programa que tem como objectivo a divulgação e apresentação de artistas nacionais e internacionais a fim de produzir novas ideias, discursos e tendências na fotografia contemporânea a partir dos legados culturais, sociais e patrimoniais que foram deixados em torno da produção vinícola local. Pretende ser um dínamo na divulgação de visões artísticas particulares sobre os territórios de Torres Vedras e Alenquer.
No dia 23 de Agosto foram anunciados os 3 artistas vencedores, no que foi uma ampla adesão às calls de artistas nacionais e internacionais. A avaliação foi realizada através de reuniões presenciais e com base na atribuição de valores numa plataforma virtual pelo Presidente do Júri, o artista convidado, Vasco Barata, o representante da Cooperativa de Comunicação e Cultura, Tiago Pombal, a representante do Munícipio de Torres Vedras, Catarina Sobreiro e o representante do Município de Alenquer, Frederico Ferreira.
Artistas: Leonor Fonseca; Miguel Duarte; Nuno Leão
Em residência
Desde de setembro que os artistas Leonor Fonseca, Miguel Duarte e Nuno Leão estão em residência nos territórios de Torres Vedras e Alenquer.
Antes da sua chegada foram realizadas diversas reuniões preparatórias, entre os artistas e o curador-geral do Desengace, o artista Vasco Barata, onde foram providenciados mapas virtuais com a localização e selecção de espaços de interesse a serem visitados pelos artistas, bem como, uma contextualização da cultura vinícola dos territórios de Torres Vedras e Alenquer.
Miguel Duarte chegou no dia 20 de setembro e desde então já percorreu diversos espaços e paisagens que têm intrigado o seu olhar artístico. Quinta da Margem D’Arada, Quinta da Almiara, e as Adegas Cooperativas de São Mamede da Ventosa, de Dois Portos e da Carvoeira são alguns locais que estão a providenciar conteúdos gráficos que vão criar uma visão particular com um imagético inesperado.
A Quinta da Boa Esperança foi a rampa de lançamento para o artista Nuno Leão entrar no Desengace. A escala e a atmosfera da quinta foram os conceitos fundadores da experiência do artista que de forma delicada tem se focado numa escala mais próxima e humanizada valorizando os diversos ambientes bucólicos deixados pelos processos que a cultura vitivinícola vai deixando.
Leonor Fonseca com um trabalho focado na fotografia encenada escolheu como pano de fundo a Adega Cooperativa de S. Mamede da Ventosa e a Adega Cooperativa de Dois Portos. A humanização destes espaços, dos colaboradores que de forma activa têm um trabalho profícuo na realização do vinho, bem como, as relações sociais e humanas foram as matérias de trabalho que a artista promete apresentar na sua exposição final.
O Instituto da Vinha e do Vinho em Torres Vedras foi o local de encontro para a primeira reunião de tutoria entre os artistas e o curador. Uma visita em que ficou registada a história deste edifício que faz parte do património cultural local e que deixou todos com o desejo de voltar.
A reunião de tutoria continuou pelo centro histórico de Torres Vedras onde foram visitados os espaços expositivos, nomeadamente, o edifício da antiga Foto Franco, a Paços - Galeria Municipal, e a Câmara Escura.
Na biblioteca da Câmara Clara, na Cooperativa de Comunicação e Cultura, foi realizada uma primeira aproximação aos trabalhos dos artistas onde foram “afinados os olhares” dos mesmos e discutidas as suas intervenções para as exposições.
Os três artistas e o curador irão ter uma segunda reunião intermédia no dia 14 de outubro, onde terão a oportunidade de perceber os trabalhos de todos os artistas, com a pré-produção e preparação dos elementos para a exposição final do Desengace a inaugurar no dia 23 de Novembro em Torres Vedras.
1 Rua — 2 Conferências — 3 Edifícios — 4 Exposições
O centro histórico de Torres Vedras vai receber a exposição final do LAGAR, que vai estar patente em três edifícios icónicos da cidade, de 23 de novembro a 31 de dezembro.
O LAGAR – Plataforma Criativa para a Cidade Europeia do Vinho 2018 procura a valorização do património cultural material e imaterial vinícola de Torres Vedras e Alenquer através do registo fotográfico contemporâneo.
Até final do ano, o Lagar vai apresentar quatro exposições no centro histórico da cidade. Três exposições a solo que mostram os resultados das residências artísticas do Desengace - Concurso de Fotografia e a exposição do Pisar - Maratonas Fotográficas que mostra o resultado das rotas por onde a caravana do Lagar passou, entre Torres Vedras e Alenquer
A Câmara Escura, da Cooperativa de Comunicação e Cultura, vai receber a exposição do artista Miguel Duarte. Originário de Lisboa e residente em Tomar, o trabalho do artista nos territórios de Torres Vedras e Alenquer traz-nos um sentido laboratorial e gráfico focado numa visão científica a estes lugares.
O trabalho do artista Nuno Leão vai ser exposto na Paços - Galeria Municipal, construído a partir de um olhar afinado e dedicado ao detalhes e pormenores que decorrem daquilo que é a cultura vinícola local.
O Espaço Foto Franco, na Rua Miguel Bombarda, vai abrir as portas para receber a artista Leonor Fonseca. Os salões onde se localizavam os antigos estúdios de fotografia, vão ser o palco para receber os trabalhos desta artista sintrense.
Os resultados das maratonas fotográficas do Pisar vão estar patentes neste edifício, numa instalação dedicada à mostra colectiva dos registos fotográficos de todos os participantes.
O Espaço Foto Franco acolhe também uma loja Pop Up que conta com diversos produtos locais que celebram a Cidade Europeia do Vinho 2018 bem como duas conferências, os Roundabout, que abrem espaço ao pensamento e dialogo em torno da fotografia, do registo e do seu processo.
Uma rua, duas conferências, três espaços, quatro exposições. De novembro a dezembro o centro histórico de Torres Vedras vai ser invadido por uma enorme variedade de visões do que de melhor têm os territórios de Torres Vedras e Alenquer, da vinha ao vinho.
A TECAUTO é o concessionário oficial e um dos parceiro fundamental do LAGAR.
A TECAUTO fez uma parceria com o LAGAR - Plataforma Criativa para a Cidade Europeia do Vinho 2018 e ajudou a movimentar a organização e os artistas durante o projecto.